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Lucy In The Streets With Zombies - Capítulo II


Capítulo II
Lucy


Lucy era de estimação. Na ausência dos fofos cachorrinhos que hoje serviam de comida para novos bichos que surgiram após o Dia D, era preciso de algo mais metálico para chamar de melhor amiga. Uma das poucas lembranças do passado, remetia às brincadeiras de criança, às idas ao campo de futebol, aos passeios mais banais. 

Lucy já estava desgastada, precisava urgentemente de óleo nas correias, mas dava pro gasto. Fugir da escuridão do fim da tarde era muito mais prático sobre as duas rodas de sua fiel companheira. O relógio marcava duas horas e estava no meio do caminho e na penúltima música do Álbum Branco.


Ganhara seu iPod um dia antes do fim do mundo. Só colocara seu CD preferido dos Beatles com preguiça de passar um tempo colocando outras músicas. Consequência: apenas 30 músicas de uma mesma banda para ouvir pelo resto da vida. Ou pelo resto da bateria do iPod. Esperava que conseguisse viver mais que três pauzinhos.



Finalmente chegou. Deixou Lucy encostada em um poste, seguiu a pé em busca da ruiva.
- Alô? Alguém por aí? Eu vim aqui outro dia e estava pens... AI!
Não conseguiu terminar a frase, a dor não deixou. Parecia penetrar seu pé e subir até a ponta do cabelo. Olhou pra baixo e conseguiu identificar uma armadilha de urso mal montada, mas pelo visto, eficaz para fazê-lo gemer de dor e permanecer imóvel. Envolta num manto escuro, surge a ruiva. Ela estava se protegendo, bem mais preparada que Ele. Ao certo viveria muito mais, a não ser que os dois ficassem juntos. Descobriu o rosto, olhou nos olhos do rapaz e:
 - O que você veio fazer aqui? 
- Ah, eu vim pedir água. A minha acabou e...
- Mas eu não lhe dei um dia desses?
- É... mas agora eu não tenho mais.
- Quer dizer que você quer que eu te sustente?
- Não é isso... eu apenas estou realmente necessitado. Será que dá pra tirar esse troço do meu pé?

Habilidosamente, Ela abriu a armadilha, tirou um lenço da sua coberta e amarrou no pé do rapaz. Não foi uma lesão tão grave assim, mas ia doer por um tempo. Bom saber, precisava armar melhor as próximas.
- Eu não vou te dar mais água, entendeu? Agora, sai daqui. Não é seguro ficar aqui fora. Eles estão com fome.
- Ok, me desculpe. Pera aí, eles quem? Tem outras pessoas por aqui?
- Acredito que sim, mas não me refiro a pessoas. Ontem meus três cachorros amanheceram mortos e aquilo não foi causado por humanos. Agora dá o fora daqui que eu vou voltar pra dentro.
- Não, não, não. Espera aí. Não me deixe aqui sozinho, caramba. E se eles me pegarem? Você vai viver com esse peso na consciência?
- Na boa, quem liga pra consciência? Eu tenho que viver, independentemente da forma. Sai daqui.
- Então tá certo. Foi um prazer, eu vou embora. Adeus.
Baixou a cabeça, aproveitou a dor no pé e a explorou ao máximo, numa dramática caminhada mancando, montou em sua bicicleta e quando já ia dando a primeira pedalada, esperando que a moça clamasse a sua permanência, se desculpando da grosseria, ouviu um alarmante:

- CUIDADO!
Olhou pra trás, a menina apontava para suas costas, olhou pra frente e lá vinham três bichos. Pareciam lobos, mas eram maiores, os dentes pra fora, os pelos irregulares e melados de sangue. As patas com garras tão grandes que pareciam desejar perfurar qualquer presa que passasse pela frente. Rosnavam o som da morte.

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Author: admin
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