Crítica - Scott Pilgrim Contra o Mundo
Com linguagem pop e frenética, Scott Pilgrim não deixa de ser um filme sincero sobre relacionamentos.
Conhecer e aceitar o passado da sua namorada(o) é fundamental pra que um relacionamento dê certo, concorda? Mas isso requer um certo amadurecimento e não pense que é bobagem de adolescente, por que faz parte do crescimento de todo mundo. Por isso que os quadrinhos de Brian Lee O'Malley ganharam tanta admiração por parte do público nerd, já que o canadense trata desses assuntos com a nossa linguagem, e a comparação com o mestre Stan Lee é mais que justa, já que O'Malley conseguiu criar um personagem com nossas mesmas inseguranças, nossos mesmos objetivos e que de sobra ainda chuta bundas como ninguém. Algo que o velho Stan fez lá atrás com nosso querido Peter Parker.
A adaptação dirigida pelo ótimo Edgar Wright (dos hilários e recomendadíssimos "Todo Mundo Quase Morto" e "Chumbo Grosso") segue a linha das HQ's, contando a história do jovem de 22 anos, Scott Pilgrim (Michael Cera), baixista da banda de garagem Sex Bob-Omb, que depois de um término "brutal", se vê um tanto perdido quanto a novos relacionamentos, até que conhece a incrível Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead, maravilhosa <3). Depois de conseguir chamá-la para sair e passar a noite com a garota, descobre que para namorá-la será preciso derrotar os seus Sete Ex-Namorados Malígnos.
Aí é que entra toda a metáfora inteligentíssima, mas que pode ser vista com maus olhos por certos preconceituosos ou preguiçosos. Cada namorado representa uma parte do passado de Ramona, que precisa ser superado por Scott, desenvolvendo, assim, o amadurecimento do rapaz. A questão é que o visual (incrível) do filme é completamente influenciado por videogames clássicos - com direito a K.O. no final das lutas e moedas saindo de personagens detidos -, pelos traços de Lee O'Malley (homenageado nos flashbacks) e em onomatopéias presentes durante o longa, dando uma dinâmica divertida e original à história, e sendo responsável por ótimas gags. O problema para o público não-nerd é que todas essas influências podem ser vistas como infantilidades ou bobagenzinhas, e quem se deixa influenciar por essa aparência superficial acaba não percebendo o real valor do filme. Mas acontece que assim fica muito mais legal para o público alvo, que somos nós, bons e velhos nerds.
Já o elenco vem com ótimas atuações. Michael Cera segura bem a responsabilidade de ser o nerd inseguro mas disposto a tudo pra ficar com a menina que gosta, além de surpreendentemente se sair excelente nas sequências de ação, porém, suas cenas românticas deixam um pouco a desejar. Mary Elizabeth Winstead está perfeita no papel de Ramona, sendo até assustador como ela consegue ter o mesmo olhar do desenho original. Outro destaque está em Kieran Kulkin como Wallace, o amigo gay de Scott (aliás, é reconfortante ver como o tema homossexualismo é tratado com naturalidade aqui).
Já chamado de o melhor filme sobre videogame da história mesmo sem sair de um console, Scott Pilgrim é uma aula de cinema pop sobre relacionamentos e tem muito mais ensinamentos do que seu visual em 8-bits deixa parecer. Sem dúvida, um dos melhores filmes do ano.
Nota: 10