Devaneios - O Dilema das Dublagens
Vale a pena? É realmente necessário?
De antemão, devo dizer que sou o tipo de cara que só assiste a filmes legendados. Aquele que quando tá zapeando pela TV e encontra AQUELE filme, se for dublado, não assiste. Já sofri bastante com isso, quando, por exemplo, no dia em que tive que participar de uma sessão de tortura assistindo a Harry Potter dublado porque estava na companhia de uma prima novinha. Ou quando (essa é a pior situação) aquele filme que eu estava me roendo pra ver no cinema, chega na minha cidade apenas com cópias na nossa maravilhosa língua tupiniquim.
Vejam bem: eu não sou contra a dublagem. Tem gente que não consegue se concentrar lendo as legendas, ou que não sabe ler, ou que simplesmente gosta de ver o filme na sua língua e acabou. Mas vamos combinar, às vezes a canastrice é demais para nossos ouvidos. Alguns estúdios parecem serem feitos na garagem de alguém, os dubladores não tem o menor carisma e perde-se completamente a graça da produção.
Essa semana aluguel Coração Louco e o que mais me chamou atenção foi o talento vocal de Jeff Bridges, a voz do cara é sensacional. Aí quando meu padrasto (que é defensor de filmes dublados) vai assistir em português, noto uma voz horrorosa no glorioso Bridges, que só sai nas partes musicais, onde (graças a Odin) é usado o áudio original. Mas e aí? Não é meio bizarro ouvir duas vozes no mesmo personagem?
E pegando o exemplo de Heath Ledger em seu maior papel, o Coringa no The Dark Knight. O cara passou seis semanas trancado em um quarto de hotel para pegar todos os trejeitos, tom de voz e risada do personagem. E me vem com aquele trabalho genial. Você acha que o dublador dele fez metade do trabalho? Entende o que eu quero dizer? A emoção de ouvir aquilo que foi falado na hora em que a câmera estava ligada, quando estavam todos os atores em cena, é muito maior que uma versão em estúdio que na maioria das vezes soa artificial.
E o que falar das frases de efeito? Algumas coisas só fazem sentido na língua original,e quando precisam adaptar para o português, perde-se totalmente o charme (isso, eu falei charme). É como você ouvir um "Does He Look Like A Bitch?!" saindo da voz do maior badass do planeta Terra, Samuel L. Jackson e ter que se contentar com um "Ele parece uma vadia?!". Ou, voltando para o exemplo anterior: "Why So Serious?". Percebe como a própria musicalidade da frase, por assim dizer, é melhor que um "Por quê está tão sério?"?
Porém, quando falamos de animações, a história muda completamente de rumo. Personagens de desenhos animados não carregam a imagem de algum ator que você já conhece previamente. Por isso é mais fácil você inserir uma outra língua ali e não parecer estranho. E, temos sorte de ter dubladores excepcionais no Brasil. Como Guilherme Briggs, responsável pelas vozes do Kronk, do Buzz Lightyear e tantos outros; ou Garcia Jr. que interpreta o Pato Donald, He-Man, etc.
Porém, quando os estúdios decidem inserir atores sem formação alguma em dublagem, apenas pra atrair público ("Mamãe, vamos assistir Enrolados! Tem a voz do Luciano Huck!!!"), é aí que mora o perigo. É quando temos pérolas como Hebe Camargo e Fábio Assunção dublando Dinossauros ou, no exemplo mais recente, quando Luciano Huck COMETE aquela dublagem de Enrolados.
Mas não é de todo ruim. Há atores bem competentes dublando por aí. Vide Selton Mello, Marieta Severo e Humberto Martins com o incrível trabalho em A Nova Onda do Imperador. O importante é colocar o talento na frente da oportunidade de ganhar dinheiro.
E você? Assiste a filmes dublados ou legendados? Concorda com o que eu falei aqui ou acha tudo babaquice? Coloque nos comentários =D.