DVD - Mary & Max

Uma animação assustadoramente profunda.

Um simples questionamento infantil inicia a história dessa intrigante animação em stop-motion (como é bom ver uma sobrevida no gênero), Mary & Max. Mary é uma australiana de oito anos cheia de dilemas que, por acaso, escolhe uma página qualquer de uma lista telefônica americana e resolve mandar uma carta a um nova iorquino, perguntando de onde vem os bebês nos Estados Unidos. 

O destinatário, por sua vez, é Max. Um adulto de 44 anos, cheio de problemas, mas com gostos e passado semelhante à Mary. À partir daí, se inicia uma amizade curiosa, toda baseada na troca de correspondências, onde um se abre para o outro, ao mesmo tempo que discutem assuntos extremamente profundos como religião, sexo, amor, filosofia...

O clima do filme é extremamente depressivo. Nova Iorque é retratada em belos planos em preto e branco, contrastando com a sépia Austrália. Os personagens são caricatos e quase sem vida, porém, é possível traduzir todos os seus sentimentos através de suas personalidades, vozes ou movimentos. Philip Seymour Hoffman (Capote, Missão Impossível III) faz um excelente trabalho dublando Max, com uma voz sempre triste, enquanto Toni Collette (Pequena Miss Sunshine) coloca sua voz doce e tímida em Mary.

Mary & Max é uma das melhores animações do ano passado, mas com certeza não vai agradar todo mundo por não ter as cores e agitações dos desenhos convencionais, preferindo optar por uma abordagem mais teórica e filosófica,  além de tratar de assuntos que estão longe de serem compreendidos por crianças. Recomendação máxima.