[Devaneios] Quando a Cultura Pop te faz pensar
É bem verdade que estamos nos acomodando mais a cada dia que passa, não é mesmo? Não me diga que nunca esteve numa situação como a quando você tá no computador, muito bem sentado e bate aquela fome, aí você pensa no que tem pra comer, nota que a única saída é fazer um sanduíche ou algo tão "complexo" quanto, e prefere ficar com fome a se levantar e ir preparar o rango.
Tá foda ultimamente fazer certos esforços. Aí o que é que a vó fala? "É que esse menino agora passa o dia infurnado nesse videogame, nesse computador. Não sei o que ele vê tanto ali.". Pode crer, vovós do mundo, essas ~novas tecnologias~ tem uma baita influencia nisso mesmo. Mas não as crucifique, pelo amor de Odin. Não é sempre, mas quando acontece é muito bem-vindo os casos de elementos da cultura pop que nos exercita. Não tô falando de Kinect ou Wii Sports, tô falando de exercitar a cachuleta. É aquele filme que passamos horas pensando no significado dele, ou o jogo que quebramos a cabeça tentando resolver seus puzzles.
Fugir da água-com-açúcar, do descartável, ordinário, pelo menos algumas vezes é bem saudável. Vamos começar citando alguns exemplos de filmes. A princípio, queria levantar a bola de um concorrente ao Oscar, que bastante me apeteceu: Árvore da Vida.
Acredito que tenha sido o único filme de Terrence Malik que assisti, mas além de ser um dos melhores longas de 2011 na humilde opinião deste que vos fala, também causou uma baita polêmica. Isso porque não foi brincadeira a quantidade de indignados levantando suas respectivas bundas fétidas das cadeiras do cinema e indo em direção a saída bravando seus putaquepariu's, porra's, caralho's e afins... A explicação dessa bagunça toda é que o filme é um tanto diferente de 99% do que chega pro povão.
Com uma estética completamente incomum, praticamente uma colagem de memórias e momentos vividos pelo protagonista; passagens de pura reflexão, sem dialogos nem personagens humanos, apenas momentos grandiosos da natureza, acompanhados de uma trilha sonora impecável. O que essa Árvore da Vida tem pra ensinar, não é descoberto tão facilmente. O filme exige que o espectador realmente vá de mente aberta, pare e reflita. O que hoje em dia parece algo muito difícil de se fazer. Quando que uma mensagem sobre aceitação e fluxo natural da vida seria maior que a correria do dia-a-dia, né?
O próximo filme eu encaro como o pai do exemplo anterior. 2001: Uma Odisseia no Espaço. Eu sei, são temas completamente diferentes. Agora estamos falando da maior obra de ficção científica de todos os tempos. Mas o que eu vejo em comum nas duas é toda a dificuldade de aceitação na época em que foram lançados. Kubric foi tido por muitos como louco e ridículo por ter feito as pessoas assistirem a esse filme. Mas a verdade é que sofreram do mesmo problema supracitado.
2001 não te entrega absolutamente nada de bandeja. E vai além de Árvore da Vida quando te mostra um final completamente em aberto. Onde o significado daquilo tudo morreu junto com o glorioso Kubric, que nunca o explicou para ninguém. Segundo o mesmo, se Da Vinci tivesse escrito atrás da Mona Lisa: "Ela está rindo por causa disso, disso e disso...", o quadro não seria o que é hoje. O mérito do cara é fazer até hoje, milhões de pessoas passarem horas e horas discutindo o que é o "bebê gigante" no final ou a teoria do monolito, por exemplo. Essas questões complicadas que fazem muitos desistirem de ver o filme, são justamente o que o tornam imortal.
Indo para o mundo dos games, ramo que sofre ainda mais do preconceito de "está emburrando nossas crianças", ultimamente finalizei dois grandes exemplos que posso colocar aqui. O primeiro deles é o glorioso Limbo. Independente e comercializado pelas redes onlines dos consoles da última geração, o game fez um alvoroço justamente pela simplicidade de sua composição, unida aos bem elaborados quebra-cabeças que o envolvem.
Nos dias onde gráficos exuberantes e orçamentos milionários é o que mais atrai os consumidores, ver a silhueta de um garoto em estilo plataforma seria complicado de dar certo. Mas deu. E deu certo pra baralho. Porque o mundo em tons de preto de Limbo te prende até o final, tentando resolver os ótimos quebra-cabeças que ele te oferece.
Já o segundo exemplo, e esse eu diria que se mostrou um dos melhores jogos que já joguei na entire life, é o querido Portal 2. Mas aqui me refiro a franquia como um todo. O conceito de abrir um portal aqui, outro ali e entrar em um pra sair no outro; e usar isso pra resolver desafios em diferentes níveis de complexidade, com vários elementos pra tornar seu trabalho mais elaborado e dificultoso - como robôs que atiram, géis que te fazem pular mais alto ou correr mais rápido, pontes aliadas aos portais ou o uso das leis da física ao seu favor - é simplesmente genial.
É muito fácil ver gente reclamando que não quer jogar videogame pra dar dor de cabeça. Que é tudo muito chato e blábláblá. Mas o fato é que quando você está disposto a se entregar e realmente quebrar a ~cuca~ nos diferentes níveis propostos pela Gladus, você vai terminar de jogar se sentindo o verdadeiro Albert Motherfucker Einstein.
Enfim, esses foram meus exemplos de exercitadores da mente através da Cultura Pop. Realmente espero que você que está lendo isso seja um dos que conseguem se entregar aos filmes/jogos/whatever, para aproveitar ao máximo a experiência que esses proporcionam, por mais que fujam do lugar comum.
Se você tem um exemplo maneiro pra dar, é só comentar aí embaixo.