Crítica - Harry Potter e as Relíquias da Morte (Parte 1)
O capítulo do meio da trilogia final da maior franquia cinematográfica da história.
Desde o quinto filme da série, Harry Potter e a Ordem da Fênix, começou-se a dizer que "agora está tudo mais sombrio". De fato, ao assumir o comando, David Yates adotou um clima muito mais sério, político e adulto. Uma decisão correta, pois, assim como nos livros, a história requer um tratamento bem mais denso do que quando nós acompanhávamos Harry, Rony e Hermione em busca de uma Pedra Filosofal ou tendo que passar por tarefas para chegar à Câmara Secreta.
Em Relíquias da Morte - Parte 1, Harry precisa encontrar as outras cinco horcruxes (objetos que guardam fragmentos da alma de Voldemort) e destruí-las para assim, conseguir deter seu arqui-inimigo. Para isso, é necessário deixar o conforto e a segurança de Hogwarts e partir em uma jornada com Ron e Hemione, sozinhos, desprotegidos e sem saber o que lhes aguarda lá fora.
A primeira metade do livro da inglesa J.K. Rowling é tão lento e contemplativo quanto o filme. Portanto, esqueça completamente do ritmo adotado nos primeiros filmes e se deixe levar por um novo clima. Não vá pensando que isso vai deixar o filme chato e sonolento. Porque se não há lutas a cada cinco minutos, há algo bem mais interessante que isso: desenvolvimento de personagens. E, finalmente, temos Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint podendo dar o seu máximo em questão de atuação. O trio faz as melhores atuações de suas carreiras. Emma consegue transmitir todo o peso emocional que sua personagem está carregando, Rupert largou a cara de pastelão para interpretar um Ron preocupado com a família que ele deixou pra trás e ao mesmo tempo revoltado por estarem dando tiros no escuro e, Daniel faz um Harry apreensivo, que precisa seguir em frente mesmo com todos contra ele.
Mas também não pense que você vai assistir a um filme iraniano, porque sim, há cenas de ação aqui, e elas estão excelentes. Yates consegue tirar todo o encanto pelas magias que nós tínhamos há alguns anos, e faz dos feitiços algo muito mais orgânico, crível. E, corajoso, confia no amadurecimento de seu público, tomando a liberdade de colocar em cena, temas como nudez, tortura e feridas expostas.
Algo que pode incomodar quem apenas assiste aos filmes, é a certa despreocupação com essa parte do público, já que o longa não perde tempo em explicar certas coisas e pode deixar os "despreparados" bem perdidos. Mas nada que um Google ou um amigo fã não resolva.
Mais uma vez, temos um filme sem fim. Algo que já acontecera em Enigma do Príncipe (o início dessa tal trilogia final), se repete aqui. Muitas perguntas permanecem sem respostas, muitas pontas ainda estão soltas e tudo isso para o ciclo se fechar em 2011 com a parte 2. Muitos reclamaram, mas isso só favorece pra que o clímax tenha alto potencial de se tornar algo épico, que realmente represente o evento de uma geração.
Nota: 9,0