Dexter - Sexta Temporada: Episódios 1 ao 5
Sexto ano, mas com cheirinho de novo. [Contém alguns SPOILERS dos 5 primeiros episódios, mas nada demais.]
É de costume que as séries americanas que realmente emplacam tenham ótimos começos, porém alguns tropeços ao longo de suas jornadas. Com Dexter não foi diferente. Depois de quatro temporadas cheias de glória, tivemos uma quinta fraquíssima, que quase me fez perder as esperanças em uma das minhas séries preferidas. Mas ao que tudo indica, a atual temporada veio pra colocar tudo nos eixos novamente.
As fotos e vídeos de divulgação já anunciavam que esse ano, a série giraria em torno de temas religiosos. E foi um baita acerto. Nos três primeiros episódios, tudo anda em perfeita harmonia para Dexter, que tem em suas únicas preocupações planejar seus assassinatos, colocar seu filho Harrison na escola e trabalhar na Homicídios. Paralelo a isso, vamos vendo Gellar, um líder religioso lunático aparentemente treinando um discípulo, Travis, e o obrigando a fazer maluquices com outras pessoas. No nível de assassinar um singelo vendedor de frutas e colocar em sua barriguinha sete amigáveis cobras.
Logo se descobre que a série de assassinatos está ligada com o Livro das Revelações do Apocalipse. Gellar acredita que o fim do mundo está próximo e começa suas profecias, assassinatos e fanfarronices. Porém, o ponto alto da série até o momento em minha OMILDE opinião, vai para o Brother Sam e sua relação com Dexter.
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Diga Amém ou já sabe, né? |
A princípio o protagonista da série estava dexterminado (rá!) a matar o dito cujo, pois esse tinha um passado sujinho, matou uns e outros e blá blá blá. Mas na sua habitual pesquisa na vida da possível vítima, Dexter descobre que Sam realmente deixou tudo de lado depois de "encontrar Jesus" e virar uma espécie de pastor. E você não precisa simpatizar com religião pra admirar, ou ao menos reconhecer o esforço de um cara que monta uma oficina (de carros, mas a metáfora com humanos é genial), para tirar uma galera da vida do crime, dar uma segunda chance a eles.
Acaba que por acaso, os dois se conhecem e viram amigos. E tanto pelos homicídios envolvendo passagens bíblicas, quanto pela dúvida de deixar seu filho escolher no que ele vai acreditar, Dexter e Brother Sam tem discussões religiosas espetaculares. É muito interessante mesmo ver como a série, que acompanha um cara abertamente ateu e, de uma forma ou de outra, toma essa posição como "certa", se deixa confrontar tão respeitosamente com o outro lado da moeda. O conceito de fé, a luz contra as trevas - tema constantemente discutido na série - se mostra a mais agradável surpresa nessa temporada. Cenas como a cirurgia de Harrison, quando Dexter se vê desesperado e sem ninguém por ele, a menos que existisse um ser superior que pudesse fazer alguma coisa, ou as conversas entre ele e Sam estão entre as melhores da série.
Porém, nem tudo são flores na sexta temporada. Apesar de termos a volta de mortes sensacionalmente gores, que fazem lembrar os bons tempos do primeiro ano do programa, além do fantástico dilmea Ateísmo x Religião, o roteiro muitas vezes erra feio criando situações absurdas. É a típica saída mais fácil que os roteiristas encontram: "A gente cria uma parada elaborada ou só faz o Dexter coincidentemente entrar numa sala e ver um vídeo do cara que ele tá procurando?". O quinto episódio é cheio dessas falhas e se não fosse pelo bom andamento das coisas até aqui, seria motivo pra desacreditar no potencial da série.
Mas felizmente, Dexter volta com tudo esse ano, pra apagar definitivamente aquela história cagada da quinta temporada.