[Especial Vingadores / Devaneios] A presença do poder feminino nos Vingadores

Isabelle Caetano


Superpoderes, uniformes apertados, mulheres com capacidade de fazer coisas incríveis e impensáveis. O “Girl Power” teve presença marcada nas diversas fases dos Vingadores. 

Digamos que desde sua primeira formação, os Vingadores já contavam com uma presença feminina de impor respeito a qualquer monstrengo verde ensandecido ou semi-deus asgardiano. Praticamente em quase todas as facetas que o grupo de super-heróis assumiu no decorrer de sua existência, sempre houve uma figura que representasse esse gênero superior. No meio de tanta testosterona, uma heroína ocupa posição de destaque, seja por aproximar mais do público feminino histórias que, em sua essência, são destinadas a garotos, ou, pura e simplesmente, por satisfazer milhares de leitores com as imagens de curvas sensuais delineadas por mini-uniformes, chutando bundas de marmanjos, no melhor estilo “fetiche nerd”. Vamos então fazer um breve trajeto através de algumas destas mulheres que já puseram os pés entre os heróis mais poderosos do Universo Marvel, destacando suas principais qualidades e o papel importante que representam na cultura pop.

Historicamente e culturalmente, histórias de ação, com violência e lutas entre seres super-poderosos e alienígenas, não costumavam estar associadas a um público feminino, para o qual sobravam os romances água-com-açúcar e as narrativas mais sentimentalóides. Assim, pouca era a quantidade de leitoras de quadrinhos, cujas edições eram um entretenimento destinado, principalmente, aos garotos. A presença cada vez mais constante de personagens femininas exercendo funções importantes nos acontecimentos destes mundos fictícios e, o melhor de tudo, vestindo uniformes e capas, com super-poderes tão legais quanto aqueles dos heróis de “elite” amados pelos fãs, gerou, gradativamente, maior identificação entre estes tipos de narrativas e o mulheril. 

Afinal, qual garota não gostaria de assumir a personalidade daquelas heroínas fortes e poderosas, capazes de lidar com as piores adversidades da vida, controlar o gênio forte dos super-heróis com ego exaltado, colocar os otários no seu devido lugar, botar pra correr seres de tamanhos triplicados e de aparências assustadoras, e, ainda por cima, salvar toda a humanidade dos perigos mais horrendos que a ameaçam, apagando de vez a imagem de um sexo frágil e delicado? E tudo isto sem perder o charme, claro. 

O encontro entre o Universo Feminino e o Universo Marvel, no caso dos Vingadores, ocorre logo durante a fundação do grupo, quando a Vespa (super-heróina que ao lado do Thor, do Homem-Formiga, do Hulk e do Homem de Ferro foram responsáveis pela criação da equipe) dá àquela nova aliança o título “The Avengers”. Além de ter batizado os Vingadores, a Vespa é uma das heroínas mais respeitáveis dos quadrinhos, porque mesmo tendo de lidar com todas as grandes responsabilidades que vêm inseridas quando se adquire o pacote de superpoderes (já nos dizia tio Ben), ela ainda tem enorme sucesso em sua vida profissional como estilista. Esta dupla faceta da personagem, capaz de se encolher até o tamanho mínino de inseto, com asas e força sobre-humana, e também de manter um emprego normal, sendo detentora de uma carreira invejável, é o que há de mais admirável nela.

Tendo em vista que a presença isolada de superpoderes ou de habilidade com armas e com as artes marciais não é suficiente para a formação de uma heroína completa, a inteligência é uma qualidade indispensável. Das mulheres que já passaram pelos Vingadores, a Harpia é um exemplo que se destaca no quesito. Dona de uma cabeleira loira de dar inveja a qualquer deus nórdico, a personagem possui um doutorado em biologia, além de ser excepcional na arte da espionagem. Apesar de não ter superpoderes, Harpia é altamente treinada nas artes marciais e uma ótima atiradora. Foi também uma agente da S.H.I.E.L.D. e utilizou suas habilidades como espiã para denunciar atividades corruptas de outros membros da corporação. Como esposa do Gavião Arqueiro, a moça o ajudou a recrutar membros para compor uma nova equipe de Vingadores. 

O lado mais misterioso, sensual e enfeitiçador das heroínas femininas é bem representado na figura da Feiticeira Escarlate. Filha do magneto e mutante nível Omega, tem a capacidade de alterar a realidade, criando eventos aparentemente impossíveis. Seu conhecimento em bruxaria e o uniforme vermelho provocador que utiliza, junto com seus enormes cabelos ruivos, (semelhanças incríveis com a Sacerdotisa Vermelha das Crônicas de Gelo e Fogo) compõem a imagem de uma das mulheres mais poderosas que já fizeram parte da equipe dos Vingadores.

Não podemos deixar de lado, claro, a Natasha Romanoff, mais conhecida como Viúva Negra, presença graciosa entre os membros do tão aguardado filme dos Vingadores. Durante a Segunda Guerra Mundial, a russa foi treinada para ser uma agente secreta, atuando em um programa militar junto com outras agentes femininas de elite. O problema é que, nos anos seguintes, a coitada sofreu inúmeras lavagens cerebrais, ora atuando ao lado dos EUA, ora a favor do seu país de origem. Porém, conseguiu dar a volta por cima e ficar livre de qualquer controle mental sofrido no passado. Como resultado de experiências do governo russo, a Viúva Negra possui retardamento do seu envelhecimento e uma resistência física acima do normal, além de ser perita em artes marciais e em armas de fogo. A Natasha evidencia a qualidade básica de qualquer mulher incrivelmente badass, que é simples: sim, eu tenho uma vagina, e sim, eu posso lutar e empunhar armas tão bem quanto qualquer ser com maior quantidade de pêlos.

Seja qual for a heroína que já passou pelos Vingadores (e o número é bastante extenso), o fato é que estas personagens sempre serão modelos femininos marcantes para todas as jovens leitoras de quadrinhos. Apesar do corpo perfeito, dos uniformes fashions e dos poderes improváveis, elas possuem qualidades superiores que ainda inspiram muita gente por ai.