Devaneios - Sinta o Filme

Por várias vezes já deixei claro minha opinião sobre pirataria aqui no blog. Caso você seja NERDNAUTA (termo horroroso criado por nosso amigo Yago) novo, vou repetir de maneira breve: sou totalmente contra baixar filmes apenas pra dar uma de espertão e assistir antes de todo mundo. Filme pra mim é pra ser visto no cinema. Mas, deixando de lado o dilema da pirataria em si, queria expressar um outro lado da prática de assistir a algum filme na frente do computador.

Tudo é uma questão de atmosfera. Quando a magia do filme lhe envolve por completo - subtexto homossexual fluindo loucamente -, você fica mais suscetível a receber o que o longa tem a te oferecer. Explicarei melhor partindo para a prática:

A magia penetrou nela. Nele não.

Com certeza, você já sentou de qualquer jeito na sala, foi zapeando pela TV, parou em um filme aleatório, pegou pela metade, era interrompido de cinco em cinco minutos pelo seu cachorro chorando pela bola que caiu embaixo do sofá ou pela visita chata tocando a campainha. Quando os créditos finais começam a rolar, você já inclui na lista dos: "Já assisti... É... é bonzinho...".

Só que aí, em alguma conversa com seus amigos, o filme vem à tona. Seus parceiros delirando, achando aquilo o ápice do prazer cinematográfico e você sem entender o porque. Intrigado, vai à locadora, aluga o mesmo filme que outrora não deu a mínima, dá a devida atenção que ele merece e... OMFG! ESSE FILME ESTÁ MUDANDO A MINHA VIDA A CADA MINUTO QUE PASSA!

Não deixe a Megan Fox passar despercebida

Pra mim, filmes são como aquela mulher gostosa que passa do outro lado da calçada. Se você tiver atrasado pro colégio e ir correndo, no máximo sua visão periférica mandará a mensagem para seu subconsciente avisando que uma fêmea atraente passou por perto. Por outro lado, caminhando compassadamente, você analisará cada detalhe da moça em questão, tornando-a um material em potencial para posteriores atividades onanistas.

Poucas coisas me deixam mais nervoso do que assistir ÀQUELE FILME com alguém que constantemente olha o celular, se levanta ou conversa... Esse tipo de pessoa é aquela que não entende porque você vibrou tanto no final e ela não. Enfim, assistir filme é uma arte que requer auto-controle. É preciso passar os noventa minutos sentado, focado na tela. FOCO é a palavra.

É aí que nasce o maior inimigo do verdadeiro cinéfilo: o COMPUTADOR. Quem realmente admira a sétima arte sabe do que eu tô falando. Sentar-se na frente do PC pra uma sessão cinema é um desperdício. As possibilidades de dispersão aqui são potencializadas. Afinal de contas, você está a poucos cliques do seu MSN, Twitter, Facebook, RedTube, ENFIM. Sem contar que, convenhamos, a cadeira que você está sentado agora não é confortável o suficiente pra ver filmes - não da maneira que deixa a magia penetrar no seu âmago! -. Tudo bem, eu posso me recostar, trocar de cadeira e tudo, porém nada me tira da cabeça que aquilo ainda é um computador tentando fazer o papel de um pequeno cinema. Mas se você é daqueles que tem o MEGA BLASTER PC IMAX MOTHERFUCKER HOME CINEMA, saiba que é uma minoria e eu não quero falar contigo aqui. 

Se esse é seu computador, ignore o texto acima.

Mas cuidado, problemas de atmosfera não afetam exclusivamente computadores. Falo isso por experiência própria. Outro dia tivemos uma sessão de cinema em minha casa, também conhecida como Estúdio do Podcast Nerdverso. O filme em questão era Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. Dentre as seis pessoas presentes, duas estavam assistindo pela primeira vez e eram super fans, Sara e Ivan. Porém, por se tratar de uma reunião de amigos no final de uma cansativa semana de terceirosanistas, concentrar-se em alguma coisa torna-se um tanto difícil. Logo, piadinhas e gargalhadas eram comuns nas horas mais impróprias possíveis. Resultado: os dois virgens de Harry Potter acabaram por curtir o filme, mas nada de se emocionar. E, convenhamos, HP 7 é daqueles pra fazer fã que é fã derramar umas boas e salgadas lágrimas.

E aí partimos para o OLIMPO ATMOSFÉRICO CINEMATOGRÁFICO, que eu também costumo chamar de CINEMA. É nele que a entrega é completa. Você se arrumou, saiu de casa, pagou uma grana, comprou a pipoca e o refri, entrou na sala... não há ritual melhor para dizer ao filme: "Estou aqui, faça o que quiser comigo." Se tivessem assistido Harry Potter nos cinemas, talvez Sara e Ivan tivessem se derretido em lágrimas. Mas pra isso acontecer, é preciso que a  sessão não tenha esses tipos de atitudes. Assista antes de mim pelo seu computador, mas a dimensão do seu prazer - sim, hoje estou cheio de metáforas sexuais -não chegará nem perto do meu.